quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Estudo - Comer demais vicia obesos como droga (em brasileiro)

03 de Outubro, 2006 - 16h41 GMT (13h41 Brasília- BBC Brasil)

Pesquisadores estudaram como o ato de comer afeta o cérebro

Um estudo feito por cientistas americanos afirma que comer demais é um vício para pessoas obesas.

Medições feitas com sete pessoas obesas mostraram que as regiões do cérebro que controlam a saciedade são as mesmas que são ativadas pelas drogas em pessoas viciadas.

O estudo feito pelo Brookhaven National Laboratory, de Nova York, foi publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Science.

A equipe de cientistas que fez a pesquisa disse que os resultados podem ajudar a desenvolver novos tratamentos para obesidade.

Impulsos cerebrais

Os pesquisadores estudaram os impulsos do cérebro de pessoas obesas. Todas elas usavam um Sistema Implantável de Estimulação Gástrica (sigla ISG, em inglês), um aparelho implantado no corpo que ajuda a reduzir peso.

O ISG manda sinais electrónicos para um nervo que repassa uma mensagem de saciedade para o cérebro, reduzindo a vontade de comer.

Para entender a interação entre o estômago e o cérebro, os voluntários tiveram seus cérebros escaneados duas vezes com um intervalo de duas semanas. Em um dos testes, o aparelho estava ligado, e no outro, desligado.

Isso nos dá outro canal para compreender como tratar ou prevenir obesidade

Gene-Jack Wang, cientista

Quando os voluntários estavam se sentindo saciados, o scanner mostrou mudança no metabolismo em partes do cérebro como o córtex orbitofrontal e o hipocampo, área do órgão associada com o comportamento emocional, o aprendizado e a memória.

“Logo que vimos esses testes, logo me lembrei do que havíamos estudado sobre abuso de drogas, quando as pessoas estavam passando grande vontade (de tomar a droga) – as mesmas áreas do cérebro se ativaram”, disse o pesquisador do Brookhaven National Laboratory, Gene-Jack Wang, que liderou o estudo.

Segundo ele, isso corrobora a ideia de que há relação entre os circuitos do cérebro activados pela alimentação e aqueles ligados ao consumo de drogas.

Apesar de a pesquisa ser uma amostragem pequena, afirmou Wang, ela ajuda a entender melhor a obesidade e o desejo de comer.

“Isso nos dá outro canal para compreender como tratar ou prevenir obesidade.”

Para o professor Jimmy Bell, do grupo de imagem molecular do hospital Hammersmith, de Londres, o estudo é muito interessante.

“Há muita pesquisa sendo feita em todo o mundo procurando biomarcadores – qualquer coisa que mostre exactamente o que está acontecendo no processo biológico – para entender a relação entre apetite, saciedade e factores emocionais que controlam o que nós comemos, quando nós comemos e quanto nós comemos”, disse Bell.

“Não acho que seja surpreendente que eles tenham encontrado um elo entre o vício de drogas e comer demais. De certa forma, você pode encarar o ato de comer como uma ‘necessidade que vicia’ – se nós não fossemos viciados em comer, a maioria pararia de comer.”

Obesos têm pior saúde do que obesas, diz estudo

Os homens se adaptariam pior ao excesso de comida

Homens obesos podem apresentar uma pior forma física e um pior estado de saúde do que as mulheres obesas, de acordo com um estudo feito na Holanda. Os cientistas estudaram 22 homens e 34 mulheres obesos, pedindo para que eles realizassem uma série de exercícios físicos.

Os homens apresentaram menor vigor físico e se mostraram menos capazes de processar carbohidratos. Essas duas características poderiam, com o tempo, levar a diabetes, disse a equipe liderada por Emile Dubois no hospital Reinier de Graaf Groep à publicação médica Chest.

Natureza

Cerca de 59% dos homens estudados apresentaram sinais visíveis de diabetes ou intolerância a carbohidratos, contra 35% das mulheres.

Elas tiveram um desempenho melhor também em testes de resistência e do sistema respiratório.

Os pesquisadores dizem que essas diferenças podem ser explicadas pela distribuição distinta da gordura nos corpos masculinos e femininos.

Nos homens, ela tende a ser depositada na região abdominal e, nas mulheres, na cintura e quadris.

"É possível que as mulheres estejam melhor equipadas para guardar energia por causa de necessidade natural de gerar filhos", diz Dave Schweitzer, co-autor do estudo.

"Quando a comida é abundante, como é o caso em sociedades modernas, ambos os sexos podem se tornar obesos, mas os homens não têm a capacidade de lidar com a carga extra de alimentos."

"Assim, eles colocam mais pressão em seus corpos, comprometendo o desempenho e, possivelmente, causando doenças."

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